UMA INSTITUIÇÃO DE
CRISTO
O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão,
e, tendo dado graças, o partiu e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado por
vós; fazei isto em memória de mim”.
Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o
cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas
as vezes em que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que
comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele
venha." - I Coríntios 11: 23-6.
Observando a expressão "fazei isto", percebemos que se trata de uma ordem de
Jesus. É um imperativo, e fica ainda mais evidente ser uma ordenança para a
Igreja, quando Jesus repete a expressão "todas as vezes que"...
mostrando que este ato deveria ser parte da nossa prática cristã.
UM MEMORIAL
Lugar algum das Escrituras menciona o pão e o vinho se
tornando literalmente o corpo e o sangue do Senhor na hora em que o
partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o caráter simbólico do ato ao
dizer: "fazei isto em memória de mim".
A ceia do Senhor é um momento de recordação do que ele fez
por nós ao morrer na cruz para a remissão dos nossos pecados. Quando a
celebramos, estamos anunciando a morte do Senhor Jesus até que Ele volte! Os
elementos são, portanto, figurativos, e não literais.
UM RITUAL DE ALIANÇA
Os orientais davam muito valor às alianças, e as
respeitavam. Quando Jesus institui exatamente o pão e o vinho como os elementos
da ceia, ele sabia exatamente o quê estava fazendo. Para os judeus, o pão e
vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue, o mais alto nível de
aliança a que alguém poderia se submeter.
Ao contrair uma aliança deste nível, as duas partes
estavam declarando que misturavam suas vidas e tudo o que era de um passava a
ser de outro e vice-versa; por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a
nova aliança NO SEU SANGUE,
estabelecendo com isso, na ceia, um ritual de aliança.
No Velho Testamento vemos Abraão indo ao encontro de
Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo, e levando pão e vinho. O que era
isto? Um ritual de aliança. Quando ceamos, estamos reconhecendo que realmente
estamos aliançados com Cristo, e que nossas vidas estão misturadas, fundidas
uma na outra (I Co.6:17).
Jesus deixou bem claro aos que o seguiam que não bastava
apenas simpatizar-se com ele ou seguí-lo pelos milagres que operava, mas que
era necessário aliança, e aliança no mais elevado e sagrado nível que os judeus
conheciam: a aliança de sangue.
Muitos não compreendem isto por não conhecer os costumes
da época, mas era a este tipo de aliança que Jesus se referia ao proferir estas
palavras: "Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do
Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos.
Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e meu
sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue,
permanece em mim e eu nele." - João 6:53-56.
É óbvio que Jesus não falava sobre comer a carne
literalmente, mas sim sobre aliança, sobre mistura de vida; isto fica claro
quando o Mestre conclui dizendo que tal pessoa permaneceria nele e ele nesta
pessoa. Este texto também não fala diretamente da ceia, mas sim da nossa
aliança com Cristo; embora deixe claro qual é figura da ceia: um ritual de
aliança onde testemunhamos comunhão entre nós e o Senhor Jesus Cristo.
UM TEMPO DE COMUNHÃO
No tempo apostólico as ceias eram também chamadas de
"ágapes" (ou "festas de amor" – Jd.12), o que reflete parte
de seu propósito. As ênfases na expressão "corpo" que encontramos no
ensino bíblico da ceia, reflete esta visão de unidade e comunhão. A mesa é um
lugar de comunhão em praticamente quase todas as culturas e épocas, e a mesa do
Senhor não deixa de ter também esta característica.
QUEM PARTICIPA
A Ceia, como ritual de aliança que é, destina-se,
portanto, aos que já se encontram em aliança com Cristo; ou seja, aos que já
nasceram de novo e estão em plena comunhão com Deus. Há igrejas que só servem a
Ceia para quem pertence ao seu rol de membros; consideramos isto um grande
erro, pois a Ceia do Senhor é para quem o serve de todo coração,
independentemente de tal pessoa congregar em nossa igreja local ou não; se a
pessoa faz parte do Corpo de Cristo na terra, então deve participar da mesa.
Há ainda, aqueles que afirmam só poder participar da Ceia
do Senhor quem já se batizou nas águas, mas não há sustentação bíblica para
isto; desde o momento em que a pessoa se comprometeu com Cristo em sua decisão
ela já está dentro da aliança firmada por Jesus na cruz. Entendemos que o novo
convertido deva ser encaminhado para o batismo tão logo seja possível.
Os critérios básicos são: estar aliançado com Cristo, e
com vida espiritual em ordem. Contudo, não proibimos ninguém de participar,
apenas ensinamos o que a Bíblia diz, para que cada pessoa julgue-se a si mesma.
Nem Judas Iscariotes, em pecado e endemoninhado foi proibido por Jesus de
participar da Ceia (Lc.22:3,21).
A instrução bíblica é que a pessoa se examine a si mesma,
e não que seja examinada pelos outros. Portanto não examinamos ninguém, nem as
proibimos, só instruímos. Se a pessoa insistir em participar de forma indigna
colherá o juízo divino.
ONDE ACONTECE
Não há um lugar determinado para se realizar a Ceia, onde
quer que estejam reunidos os cristãos ela poderá ser feita.
No livro de Atos, lemos que o pão era partido de casa em
casa (Atos 2:46), o que nos deixa totalmente à vontade em relação a celebrá-la
nas células; mas Paulo ao usar as seguintes palavras: "...quando vos
reunis na igreja..." e "Se alguém tem fome coma em casa..." (I
Coríntios 11:18 e 34); revela que na cidade de Corinto a Ceia era praticada
também num local maior de reunião para toda a igreja.
Portanto, como nos reunimos no templo e nas casas, à
semelhança dos dias do Novo Testamento, também praticamos a Ceia do Senhor nos
dois locais de reunião, sendo que a maior incidência se dá no templo quando
reunimos todo o corpo local.
QUANDO ACONTECE
Entendemos que não há uma periodicidade definida pela
Bíblia quanto à celebração da Ceia; Jesus apenas disse: "...fazei isto,
todas as vezes que o beberdes, em memória de mim" (I Co.11:25b).
Esta expressão "todas as vezes que" nos dá
liberdade de fazermos quando quisermos, mas sempre em memória do Senhor Jesus
Cristo.
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