sábado, 19 de maio de 2012

O TEMPO

O tempo pode ser nosso maior inimigo ou se tornar nosso maior aliado.
O tempo passa e nos envelhece. Tudo tem seu preço. Acumulamos experiências e também rugas.
O tempo passa e nos faz esquecer, ou mesmo reavaliar melhor coisas e circunstâncias. O que era um grande problema já não parece tão assustador assim.
Os 'velhos' da família já se foram e agora os olhares dos mais novos se voltam para nós. E nós olhamos para onde? Para o tempo.
Quer saber? A vida é assim, cada dia é um passo à frente e a porta de entrada e/ou saída está cada vez mais perto.
Há uma inscrição na porta, mas ainda não posso enxergar, mas tenho a impressão que é mais ou menos isso:

"Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo."

Paz seja convosco.

sábado, 5 de maio de 2012

Na dor, o aprendizado.

Parei hoje em um semáforo ao lado do velório municipal e vi muita gente triste e chorando nos arredores do velório.
Alguém muito querido havia morrido. Não sei quem foi, não sei sua idade ou sexo, nem conheço sua história, mas sei que era bem conhecido, pois havia muita gente.
Eu fiquei parado olhando e lembrei de Salomão: "Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração". [Eclesiastes 7:2].
Em uma hora dessa, tão difícil [eu sei disso] é inevitável pensarmos em Deus, na vida que estamos levando, que um dia todos nós vamos encarar esse inimigo invencível...
Mas existe uma boa notícia para mim e para você: JESUS JÁ VENCEU A MORTE! " "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?" [1º Coríntios 15:55]
E Ele [Jesus] nos garante também a vitória sobre ela. "Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida." [João 5 : 24].
Que Deus conforte os corações daqueles que choram, sem tirar contudo aquele sentimento de querer buscar conforto Nele, pois quem se achega a Deus já respira vitória. Amém.

Paz seja convosco!

domingo, 15 de abril de 2012

CEIA DO SENHOR


UMA INSTITUIÇÃO DE CRISTO
O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, o partiu e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim”.
Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes em que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha." - I Coríntios 11: 23-6.
Observando a expressão "fazei isto", percebemos que se trata de uma ordem de Jesus. É um imperativo, e fica ainda mais evidente ser uma ordenança para a Igreja, quando Jesus repete a expressão "todas as vezes que"... mostrando que este ato deveria ser parte da nossa prática cristã.

UM MEMORIAL
Lugar algum das Escrituras menciona o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo e o sangue do Senhor na hora em que o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o caráter simbólico do ato ao dizer: "fazei isto em memória de mim".
A ceia do Senhor é um momento de recordação do que ele fez por nós ao morrer na cruz para a remissão dos nossos pecados. Quando a celebramos, estamos anunciando a morte do Senhor Jesus até que Ele volte! Os elementos são, portanto, figurativos, e não literais.

UM RITUAL DE ALIANÇA
Os orientais davam muito valor às alianças, e as respeitavam. Quando Jesus institui exatamente o pão e o vinho como os elementos da ceia, ele sabia exatamente o quê estava fazendo. Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue, o mais alto nível de aliança a que alguém poderia se submeter.
Ao contrair uma aliança deste nível, as duas partes estavam declarando que misturavam suas vidas e tudo o que era de um passava a ser de outro e vice-versa; por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a nova aliança NO SEU SANGUE, estabelecendo com isso, na ceia, um ritual de aliança.
No Velho Testamento vemos Abraão indo ao encontro de Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo, e levando pão e vinho. O que era isto? Um ritual de aliança. Quando ceamos, estamos reconhecendo que realmente estamos aliançados com Cristo, e que nossas vidas estão misturadas, fundidas uma na outra (I Co.6:17).
Jesus deixou bem claro aos que o seguiam que não bastava apenas simpatizar-se com ele ou seguí-lo pelos milagres que operava, mas que era necessário aliança, e aliança no mais elevado e sagrado nível que os judeus conheciam: a aliança de sangue.
Muitos não compreendem isto por não conhecer os costumes da época, mas era a este tipo de aliança que Jesus se referia ao proferir estas palavras: "Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, permanece em mim e eu nele." - João 6:53-56.
É óbvio que Jesus não falava sobre comer a carne literalmente, mas sim sobre aliança, sobre mistura de vida; isto fica claro quando o Mestre conclui dizendo que tal pessoa permaneceria nele e ele nesta pessoa. Este texto também não fala diretamente da ceia, mas sim da nossa aliança com Cristo; embora deixe claro qual é figura da ceia: um ritual de aliança onde testemunhamos comunhão entre nós e o Senhor Jesus Cristo.

UM TEMPO DE COMUNHÃO
No tempo apostólico as ceias eram também chamadas de "ágapes" (ou "festas de amor" – Jd.12), o que reflete parte de seu propósito. As ênfases na expressão "corpo" que encontramos no ensino bíblico da ceia, reflete esta visão de unidade e comunhão. A mesa é um lugar de comunhão em praticamente quase todas as culturas e épocas, e a mesa do Senhor não deixa de ter também esta característica.
QUEM PARTICIPA
A Ceia, como ritual de aliança que é, destina-se, portanto, aos que já se encontram em aliança com Cristo; ou seja, aos que já nasceram de novo e estão em plena comunhão com Deus. Há igrejas que só servem a Ceia para quem pertence ao seu rol de membros; consideramos isto um grande erro, pois a Ceia do Senhor é para quem o serve de todo coração, independentemente de tal pessoa congregar em nossa igreja local ou não; se a pessoa faz parte do Corpo de Cristo na terra, então deve participar da mesa.
Há ainda, aqueles que afirmam só poder participar da Ceia do Senhor quem já se batizou nas águas, mas não há sustentação bíblica para isto; desde o momento em que a pessoa se comprometeu com Cristo em sua decisão ela já está dentro da aliança firmada por Jesus na cruz. Entendemos que o novo convertido deva ser encaminhado para o batismo tão logo seja possível.
Os critérios básicos são: estar aliançado com Cristo, e com vida espiritual em ordem. Contudo, não proibimos ninguém de participar, apenas ensinamos o que a Bíblia diz, para que cada pessoa julgue-se a si mesma. Nem Judas Iscariotes, em pecado e endemoninhado foi proibido por Jesus de participar da Ceia (Lc.22:3,21).
A instrução bíblica é que a pessoa se examine a si mesma, e não que seja examinada pelos outros. Portanto não examinamos ninguém, nem as proibimos, só instruímos. Se a pessoa insistir em participar de forma indigna colherá o juízo divino.

ONDE ACONTECE
Não há um lugar determinado para se realizar a Ceia, onde quer que estejam reunidos os cristãos ela poderá ser feita.
No livro de Atos, lemos que o pão era partido de casa em casa (Atos 2:46), o que nos deixa totalmente à vontade em relação a celebrá-la nas células; mas Paulo ao usar as seguintes palavras: "...quando vos reunis na igreja..." e "Se alguém tem fome coma em casa..." (I Coríntios 11:18 e 34); revela que na cidade de Corinto a Ceia era praticada também num local maior de reunião para toda a igreja.
Portanto, como nos reunimos no templo e nas casas, à semelhança dos dias do Novo Testamento, também praticamos a Ceia do Senhor nos dois locais de reunião, sendo que a maior incidência se dá no templo quando reunimos todo o corpo local.

QUANDO ACONTECE
Entendemos que não há uma periodicidade definida pela Bíblia quanto à celebração da Ceia; Jesus apenas disse: "...fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim" (I Co.11:25b).
Esta expressão "todas as vezes que" nos dá liberdade de fazermos quando quisermos, mas sempre em memória do Senhor Jesus Cristo.

sábado, 7 de abril de 2012

O significado da Páscoa..

Páscoa!

A Páscoa é uma festa cristã que celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu, até sua ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados. É o dia santo mais importante da religião cristã, quando as pessoas vão às igrejas e participam de cerimônias religiosas.
Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica. É uma das mais importantes festas do calendário judaico, que é celebrada por 8 dias e comemora o êxodo dos israelitas do Egito durante o reinado do faraó Ramsés II, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.
No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do hebraico Pessach. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A BOLACHA


Era uma vez uma moça que estava à espera de seu vôo, na sala de embarque de um grande aeroporto.
Como ela deveria esperar por muitas horas, resolveu comprar um livro para matar o tempo. Comprou, também, um pacote de bolachas. Sentou-se numa poltrona, na sala VIP do aeroporto, para que pudesse descansar e ler em paz. Ao seu lado sentou-se um homem. Quando ela pegou a primeira bolacha, o homem também pegou uma. Ela se sentiu indignada, mas não disse nada.
Apenas pensou:
"Mas que cara de pau! Se eu estivesse mais disposta, lhe daria um soco no olho para que ele nunca mais esquecesse!".
A cada bolacha que ela pegava o homem também pegava uma. Aquilo a deixava tão indignada que não conseguia nem reagir. Quando restava apenas uma bolacha, ela pensou:
"Ah. O que será que este abusado vai fazer agora?".
Então o homem dividiu a última bolacha ao meio, deixando a outra metade para ela.
Ah! Aquilo era demais! Ela estava bufando de raiva! Então, ela pegou o seu livro e as suas coisas e se dirigiu ao local de embarque.
Quando ela se sentou, confortavelmente, numa poltrona já no interior do avião olhou dentro da bolsa para pegar uma caneta, e, para sua surpresa, o pacote de bolachas estava lá... Ainda intacto fechadinho! Ela sentiu tanta vergonha! Só então ela percebeu que a errada era ela sempre tão distraída! Ela havia se esquecido que suas bolachas estavam guardadas, dentro da sua bolsa.
O homem havia dividido as bolachas dele sem se sentir indignado, nervoso ou revoltado, enquanto ela tinha ficado muito transtornada, pensando estar dividindo as dela com ele.
E já não havia mais tempo para se explicar... Nem para pedir desculpas!
Quantas vezes, em nossa vida, nós é que estamos comendo as bolachas dos outros, e não temos a consciência disto?
Antes de concluir, observe melhor!
Talvez as coisas não sejam exatamente como você pensa!
Não pense o que não sabe sobre as pessoas.

Existem quatro coisas na vida que não se recuperam:

-         A pedra, depois de atirada;
-         A palavra, depois de proferida;
-         A ocasião, depois de perdida;
-         E o tempo, depois de passado.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Quem é o teu próximo?

E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;
E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.
(Lucas 10: 30-35)


Ao ser confrontado por um escriba sobre quem é o nosso próximo para que seja amado, Jesus propõe a parábola do Bom Samaritano:

Oras, o homem está indo de Jerusalém para Jericó. Sabemos que Jerusalém representa a cidade santa, então temos um homem que se afasta da presença de Deus, caminhando desatento pelo caminho do mundo. O mundo jaz no malígno e pesquisando vemos que a palavra 'jaz' vem do verbo 'jazer' que significa 'estar morto', 'estar sepultado', mas existe outra definição no mesmo dicionário (Aurélio) que se encaixa melhor nessa afirmação, que é 'estar prostrado'. O mundo "está prostrado" no malígno.
O homem da parábola anda despercebido, por um caminho dominado pelo inimigo e sabemos que "O ladrão não senão a roubar, a matar e a destruir..." (Jo 10: 10a). Alguns ladrões roubam tudo o que ele tinha e o espanham, deixando-o como morto. Esse é o tratamento que o mundo dá aos que ficam de bobeira por aí. São milhares e milhares de pessoas meio mortas, sem forças para se levantarem, feridas e sem esperanças.
O texto diz que descendo pelo mesmo caminho um sacerdote vendo o tal homem passa de largo, ou seja, não se envolve.
Muitos podem perguntar: o quê esse homem de Deus estava fazendo caminhando por um caminho tão mundano? E eu respondo: Essa é a função da igreja, dos cristãos. Devemos ir por esses caminhos buscando o perdido, resgatando-os dessa situação.
Porém esse sacerdote era apenas um religioso, sem comprometimento com o evangelho de Cristo. Da mesma sorte passou também um levita e agiu da mesma maneira. Outra vez a conversão genuína não pode ser observada, pois tratava-se também de um religioso apenas. Mas o terceiro homem a passar por aquele caminho era um samaritano, alguém de quem os judeus não esperavam grandes coisas ou grandes feitos. O profeta Isaías escreveu sobre um 'Caminho Santo' e disse que esse caminho seria para os caminhantes (cristãos) e que o imundo não passaria por ele (Isaías 35: 8). Jesus é o Caminho, e a Verdade, e a Vida. (João 14: 6). Esse samaritano parou ao lado do homem ferido e movido por 'íntima compaixão', notem que essa expressão foi também usada para relatar o sentimento de Jesus em relação à grande multidão que o acompanhava momentos antes do grande milagre da multiplicação dos pães e peixes. Também foi usada essa expressão quando Jesus toca nos olhos de um cego e o cura, e por fim também podemos perceber esse sentimento em Jesus ao ressuscitar o filho da viúva de Naim.
Íntima compaixão é então uma grande característica de um cristão verdadeiramente convertido.
Esse samaritano cuidou das feridas e derramou sobre elas azeite e vinho, que podemos entender como bálsamo e salvação, pois o azeite representa a unção que alivía toda dor e o vinho representa o sangue de Cristo derramado na cruz do calvário para remissão dos nosso pecados e consequentemente a nossa salvação. Ele cuida do enfermo, coloca-o em seu cavalo e o leva a uma hospedaria, que podemos entender também que esse cavalo é o mesmo cavalo descrito em Apocalipse 19: 11 que diz: "E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça".
O samaritano parte no dia seguinte, mas deixa dois dinheiros, ou seja, o necessário para que o dono da hospedagem cuide do homem, comprometendo-se a pagar por tudo o mais que o homem gastar quando ele mesmo voltar.
Jesus nos resgatou de um caminho de perdição, nos curou, nos ungiu e ainda no levou até uma hospedaria, ou seja, até uma igreja. Lá ele nos entregou aos cuidados do pastor, de um líder, de um irmão abençoado, de uma irmã abençoada e espera que sejamos cuidado com todo carinho e esmero, pois já deixou tudo pago.
Jesus já pagou tudo por mim e por você. Não temos despesas nenhuma ao aceitarmos a Cristo e viver em comunhão com a igreja. Ninguém há que tenha que pagar pela salvação. A salvação é pela graça e isso é dom de Deus.
E mesmo aos que recebem a incumbência de cuidar dos perdidos e feridos não se ficará devendo nada, pois Jesus disse que quando voltar pagará tudo o que foi investido em uma alma.
Cada um que se compromete a cuidar de uma alma que chega na igreja receberá um galardão e terá crédito com Deus.
Lembre-se da pessoa que te levou a Cristo, que pegou na sua mão e te levou até a Sala do Trono e te ensinou a orar, a buscar a Deus... essa pessoa tem crédito com Deus e receberá por seu trabalho, pois Deus não fica devendo nada para ninguém.
Você que é membro de uma igreja, aprenda a ter o cuidado com o próximo. Cuide dele, ame-o, invista nele e então será uma bênção na sua vida e na vida da sua igreja.
Jesus está voltando e eu pergunto: Estamos com crédito?
Que Deus possa nos encher de amor para com o próximo e que aprendamos com essa parábola e sejamos melhores a cada dia, crescendo em graça e conhecimento.
Deus nos abençoe.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O VELHO DEVE MORRER


"Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." (João 3:5)

Quero destacar três verdades nesse versículo:

1ª VERDADE: Aquele que não nascer da água!
Jesus estava ensinando a Nicodemos um princípio da Nova Aliança.
O BATISMO NAS ÁGUAS.
Todo cidadão do mundo tem o direito e o privilégio de ouvir as Boas Novas de Cristo.
Somos agentes transformadores com uma nobre missão: levar a Palavra de Deus aos cativos. A Palavra da Salvação aos perdidos.
A Salvação não é um privilégio só nosso. Recebemos um mandamento e devemos cumpri-lo. “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura”.
O que tem isso a ver com Batismo? Tem tudo a ver. O batismo é uma cerimônia, um ritual que exterioriza o que está no coração.
"A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo." (Romanos 10: 9)
Havemos de confessar a Cristo não só por boca, mas também por atitude. Mostrando ao mundo a nossa decisão de MATAR O VELHO, o velho eu, o velho pecado, o velho caráter, o velho coração. Precisamos matar o VELHO antes que o VELHO nos mate.
Necessitamos nascer de novo, nascer para Cristo, nascer para a Vida Eterna.
Uma Nova Vida em Cristo.

2ª VERDADE: Aquele que não nascer do Espírito!
Jesus estava dizendo: Nicodemos, como pode você ser um dos principais da sinagoga e não entender o que estou falando? Abra seus olhos espirituais Nicodemos.
Abra seus olhos espirituais igreja!
Nunca mais trata como comum algo que Deus te revelou.
É necessário receber o batismo no Espírito Santo, pois esse batismo é revestimento, é poder de Deus em nós!
Somente pelo Espírito podemos lutar contra o pecado, pregar a Palavra de Deus com eficácia. Somente pelo Espírito podemos orar pelos enfermos e curá-los! Somente pelo Espírito podemos expulsar os demônios e libertar os cativos.
E finalmente, somente pelo Espírito podemos discernir as coisas espirituais.
Um crente carnal é tão inútil quanto uma locomotiva sem os trilhos, mas se for revestido do poder do Espírito Santo essa locomotiva é tão forte que chega a abalar o inferno, move os céus e exalta o santo nome do nosso Senhor Jesus Cristo. ALELUIA!

3ª VERDADE: É preciso querer!
Para essa verdade que contar uma estória, a estória de um lobo que queria ser ovelha. (vou publicar essa ilustração em outro tempo).

Conclusão: Não basta freqüentar uma igreja; não basta mergulhar em águas batismais; não basta usar de glossolalia (pseudo dom de línguas).
É preciso uma conversão genuína.
É preciso MATAR O VELHO EU!

O CEGO QUE ENXERGAVA


(Marcos 10.46-52)

A GRAÇA DE DEUS EM CRISTO JESUS ESTÁ DISPONÍVEL PARA TODAS AS PESSOAS
No entanto, a manifestação da graça de Deus depende de certas CONDIÇÕES:

1.  QUE O HOMEM RECONHEÇA SUAS VERDADEIRAS NECESSIDADES
Naquela época do ano, todos os judeus maiores de 12 anos de idade que moravam num raio de 25 km de Jerusalém  eram obrigados a ir ao templo para celebrar a Páscoa.
Bartimeu se instalou estrategicamente no caminho dos viajantes para lhes pedir esmolas, mas, quando Cristo lhe perguntou: "O que você quer que eu lhe faça?",  ele teve uma visão apurada de seu real problema e pediu: "Mestre, eu quero ver!".
Ele vivia de esmolas porque era cego, não porque gostasse de ser um pedinte, por isso pediu para Jesus "eu quero ver",  mesmo sabendo que isso iria modificar completamente seu modo de vida. Nunca mais iria pedir esmolas, porque já não era mais cego. Mas era isso mesmo que ele queria, uma completa mudança de vida. Uma cura para a causa de seus problemas.
Muitas pessoas estão pedindo "esmolas" para Jesus, mas não querem realmente que Ele mexa na raiz dos seus problemas, pois isto poderia mudar seus modos de vida. Muitos querem alívio para as conseqüências dos seus pecados, mas não querem realmente deixar o pecado.

2.  QUE O HOMEM CREIA EM JESUS DE TODO O SEU CORAÇÃO E DECLARE SUA FÉ COM SEUS LÁBIOS
A expressão "Filho de David" era um título messiânico. Todos os judeus o sabiam.
Bartimeu era cego, mas podia "ver" que Jesus não era um homem qualquer. Ao chamar Jesus assim, Bartimeu estava dizendo: "Eu creio que Jesus é o messias prometido de Deus".
Ele poderia até ser apedrejado por isso, mas não se intimidou, não se acovardou, não se calou diante de uma multidão. Ele creu em seu coração e com seus lábios declarou sua fé publicamente.

3.  QUE O HOMEM INVOQUE O NOME DE JESUS E CLAME POR SUA SALVAÇÃO
Misericórdia é a junção de duas palavras: miséris + cordia (miséria + coração). Numa linguagem bem livre, podemos dizer que misericórdia significa: Olhar as misérias do outro com os olhos do coração.
Esta frase tão curta, "Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim", revela o quanto Bartimeu podia enxergar:
- Bartimeu reconhece sua situação miserável.
- Bartimeu crê em Jesus e faz sua pública declaração de fé.
- Bartimeu invoca o nome de Jesus.
- Bartimeu clama por sua salvação.

CONCLUSÃO 
A graça de Deus em Cristo Jesus está disponível para todas as pessoas, mas sua manifestação depende de o homem reconhecer sua verdadeira condição e necessidades, crer de todo o coração que Jesus é o messias prometido de Deus, fazer sua pública declaração de fé, invocar o nome de Jesus e clamar por sua salvação .

sexta-feira, 30 de março de 2012

A Pesca Maravilhosa


Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Disseram-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam. (João 21:3)

Após anos andando com Jesus, ouvindo suas palavras, vendo seus milagres, participando de outros tantos e sendo testemunha do poder de Deus, Pedro resolve voltar a fazer o que fazia antes de conhecer Jesus.
Muito já se pregou sobre voltar à velha vida, mas não é sobre isso que quero falar nessa noite.
O que quero enfatizar é que Pedro, o discípulo que mais era ousado, foi o único que saiu do barco para caminhar sobre as águas em outra ocasião. Pedro decidira voltar a pescar.
Essa atitude nos revela algo mais profundo que simplesmente voltar aos rudimentos de uma vida antes da fé em Cristo.
Pedro ao decidir voltar à prática da pescaria está dizendo aos seus amigos: “Olhem! Eu decidi cuidar da minha vida, pois Jesus já apareceu por duas vezes e disse que voltaria para o céu. Então alguém tem que cuidar de nós. Eu tenho família para sustentar. Precisamos de dinheiro, de roupas, de alimentos. Vou fazer aquilo que eu sei fazer. Eu sei pescar e é isso que eu vou fazer”.
Imediatamente os outros que estavam com ele foram influenciados pelas palavras e atitude de Pedro e fizeram o mesmo.
Essa atitude revela a necessidade ou a vontade de Pedro voltar a cuidar da sua vida conforme sempre havia feito, ou seja, com suas próprias forças e ao seu modo. “Eu sei pescar e é isso que eu vou fazer!”
Muitas vezes, quando Jesus parece estar ausente nos sentimos tentados a resolver a situação do nosso modo, do nosso jeito.
“Quer saber de uma coisa! Já orei, já jejuei e parece que nada está funcionando, então vou resolver do meu jeito.” “Eu vou pescar”.
Mas naquela noite nada apanharam.
Do nosso jeito não há frutificação, não há resultados positivos. Quando agimos conforme nossas próprias forças, não somos bem sucedidos, antes fracassamos diante de Deus.
Na manhã seguinte Jesus se apresenta na praia, mas o discernimento espiritual daquele grupo estava prejudicado depois de uma noite inteira de lutas e frustrações. Ninguém havia reconhecido Jesus. Mas Jesus nunca os esquecera.
Jesus os chama de filhos e pergunta qual foi o resultado da pescaria: Tendes alguma coisa de comer? Eles foram curtos e grossos: "Não!"
“Vocês não trabalharam a noite inteira? Vocês não são profissionais nessa área. Esse assunto não é especialidade de vocês? Como podem não produzirem um resultado proveitoso?”
Quando perdemos a visão espiritual, quando não estamos alinhados com Deus, quando nosso coração não está em sintonia com o Pai, perdemos também nossa referência espiritual que é JESUS.
Agora consigo entender a passagem da figueira seca. Jesus passa por ela e deseja colher os frutos, ou pelo menos um que seja bom para saciar sua fome. Não encontrando amaldiçoa a árvore e ela seca.
Jesus não vai amaldiçoar você ou eu, pois ele nos ama. Ele nos amou. Mas ele vai cobrar uma atitude mais positiva, com mais resultado.
Jesus ensina seus discípulos a pescar. Parece ironia, mas alguém que nunca foi pescador está dando uma dica quente de como conseguir uma pesca maravilhosa. Jesus disse: “Lançai a rede do lado direito do barco”. Poderia ter dito do lado esquerdo, podia ter dito para lançar na frente do barco ou podia ter dito para lançar na parte traseira do barco. Isso não importa, o que importa é que eles obedeceram.
Quando obedecemos à voz de Deus o milagre começa a acontecer em nossa vida.
A obediência gera bons frutos. E frutos em abundância. A obediência é o princípio da Bênção!
Quando lançaram a rede, mal podiam recolhê-la de tão pesada e cheia de grandes peixes. A fartura de peixes nos mostra que nosso Deus é riquíssimo em bênçãos e não é miserável, mas abundante.
Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, mediante seu poder que atua em nós! (Efésios 3:20)
Agora sim, após um milagre, após uma manifestação maravilhosa, logo percebemos quem é que está agindo. Agora Jesus é presente em minha vida. Agora damos graças e bendizemos o seu santo nome. Oras, mas antes mesmo do milagre acontecer Jesus já estava lá observando o trabalho dos discípulos.
Jesus está sempre ao nosso lado. Ele está sempre de olho em o que estamos fazendo, e como estamos fazendo. Jesus está esperando resultados, mas o resultado só virá quando convidarmos Jesus a participar de forma ativa e principal dos nossos projetos. Quando é Jesus quem dá as ordens, as coordenadas não há margem para erros. O sucesso é inevitável.
Pedro novamente recobra a ousadia e a alegria de saber que o mestre estava com ele novamente.
Como bálsamo que refrigera o corpo assim é a presença de Jesus um refrigério para nossa alma.
Pedro não se contenta em voltar de barco, mas pula no mar e nada cerca de 90 metros até a praia. Só para estar lado a lado novamente com Jesus.
Quando os outros discípulos chegaram à praia já encontraram peixe e pão sobre brasas.
Sabemos que esses símbolos representam o cuidado de Deus para conosco, mas o que quero focar agora é que além de sustento, do cuidado, da unção existe algo tão importante quanto todo o resto: O prazer da companhia de Jesus na comemoração da vitória!
Muitos vêm até a igreja e participam de campanhas, fazem votos, ofertas de sacrifício. Lutam e conseguem a bênção, o milagre chega, a vitória acontece, mas depois disso se vão e não voltam mais.
O seu milagre vai chegar. Aquilo que você pediu vai receber, para alguns hoje mesmo, para outros ao amanhecer, mas todos nós vamos receber as bênçãos e quando isso acontecer vá ao encontro de Jesus e comemore com ele a sua vitória. Jesus convida: Vinde, comei. Participe comigo da tua alegria.
Então virá o aprendizado. Jesus vai fazer da sua alegria, da sua vitória mais uma lição de vida.
Jesus se dirige a Pedro e pergunta: Pedro, tu me amas mais do estes? Pedro responde que sim, então Jesus completa: Apascenta os meus cordeiros. Pedro nunca mais influencie minhas ovelhas a tentarem se virar sozinhas. A partir de hoje você deve influenciar as pessoas buscarem em mim a vitória. Elas devem aprender que sou eu quem determina a bênção e a vitória.
Apascentar as ovelhas é conduzi-las de forma ordenada, calma, porém constante até Jesus, o bom pastor. Apascentar as ovelhas é evangelizar com exemplos é percorrer todo o caminho junto com as ovelhas, guiando-as pela experiência de uma vida cristã.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Eu Sou a Porta


Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem” (João 10:9)

Jesus, o grande Eu SOU, é a porta de entrada para a verdadeira igreja, e o caminho de acesso para o próprio Deus. Ele dá ao homem que vai a Deus por meio Dele quatro privilégios especiais:

1. Será salvo. O homicida fugitivo passou pelos portões da cidade de refúgio e foi salvo. Noé entrou pela porta da arca e ficou em segurança. Aqueles que aceitam Jesus como a porta da fé para suas almas não ficam perdidos. O acesso à paz por meio de Jesus é a garantia de entrada nos céus pela mesma porta. Jesus é a única porta, uma porta aberta, uma porta ampla, uma porta segura; e bem-aventurado é aquele que coloca toda a sua esperança de entrar na glória sobre o Redentor crucificado.

2. Entrará. Ele terá o privilégio de entrar para a família divina, compartilhando do pão dos filhos de Deus e participando de todas as suas honras e prazeres. Ele entrará nos aposentos da comunhão, nos banquetes do amor, nos tesouros da aliança, nos depósitos das promessas. Entrará na presença do Rei dos reis no poder do Espírito Santo e os segredos do Senhor estarão com ele.

3. Sairá. Esta é uma benção muito esquecida. Somos enviados ao mundo para labutar e sofrer, mas que bênção ir em nome e no poder de Jesus! Somos chamados a dar testemunho da verdade, a animar os abatidos, a admoestar os descuidados, a ganhar almas e a glorificar a Deus; e, como o Anjo disse a Gideão: "Vai nessa tua força" (Jz. 6:14), da mesma forma o Senhor nos faria prosperar como Seus mensageiros, em Seu nome e em Sua força.

4. Achará pastagem. Aquele que conhece a Jesus jamais terá falta. Entrar e sair será igualmente útil para ele: na companhia de Deus ele crescerá, e regando os outros ele será regado. Fazendo de Jesus seu tudo, ele encontrará tudo em Jesus. Sua alma será como um jardim regado e como um poço cujas águas jamais secarão.

domingo, 20 de março de 2011

O dia hoje está preguisoço.
Da janela do meu mesanino, posso ver a chuva fraca, silenciosa caindo lá fora.
A temperatura está agradável. Já não aguentava mais aquele calor de 40 graus. Hoje deve estar uns 23 talvez 24 graus. Como é bom não molhar, de suor, duas ou três camisetas por dia.
O céu está todo cinza, mas ainda assim, os coqueiros me lembram que moro no litoral. Logo ali na frente está o mar.
A praia está vazia, somente alguns pássaros se aventuram na areia.
Aqui em casa todos dormem após o almoço, exceto eu, óbvio. Eu fiquei aqui para ter um pouco de sossego, pois quando o Caio acordar, não cabe mais o silêncio em casa.
Não que isso seja ruim, claro que não. A alegria do Caio contagia a casa toda. Sua energia revitaliza até mesmo os mais cansados.
O Lucas saiu com a namorada e a Gabi foi almoçar na casa do namorado. Meus filhos estão crescendo e isso não me assusta mais. Creio que Deus está me preparando para uma casa mais vazia, num futuro não muito distante.
Tesimara foi fazer o Caio dormir e, como sempre, dormiu junto, ou até mesmo antes dele.
Não tenho outra opção senão ir também para o quarto e tirar uma sonequinha.
Até mais ver.

Deixe Deus te encontrar


A diferença entre o cristianismo e todos os outros sistemas religiosos consiste principalmente nisto: em todas essas religiões vê-se o homem procurando a Deus, enquanto no cristianismo temos Deus procurando o homem.
Thomas Arnold

quarta-feira, 16 de março de 2011

O Chamado Eficaz

Um Sermão (Nº 0073)
Pregado na Manhã de Domingo, 30 de Março de 1856 pelo Reverendo C. H. Spurgeon
Na Capela de New Park Street, Southwark — Londres — Inglaterra

 
“Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa” (Lucas 19:5).
Não obstante nosso firme convencimento de que vocês, em geral, estão bem instruídos nas doutrinas do Evangelho eterno, em nossas conversações com jovens convertidos nos damos conta de quão absolutamente necessário é repassar nossas primeiras lições, e afirmar e
demonstrar repetidamente essas doutrinas que se encontram na base da nossa santa religião. Portanto, nossos amigos, a quem a grandiosa doutrina do chamado eficaz foi ensinada há muito tempo atrás, compreenderão que, visto que eu prego de maneira muito simples nesta
manhã, o sermão está dirigido àqueles que são jovens no temor do Senhor, para que entendam melhor este grandioso ponto de partida de Deus no coração, o chamado eficaz dos homens, por meio do Espírito Santo.
Vou usar o caso de Zaqueu como uma grande ilustração da doutrina do chamado eficaz. Vocês recordarão a história. Zaqueu tinha a curiosidade de ver ao maravilhoso Homem Jesus Cristo, o qual estava colocando o mundo de cabeça para baixo, e causando uma imensa excitação nas mentes dos homens. Algumas vezes nos parece que a curiosidade não é algo bom, e afirmamos que é pecado vir à casa de Deus motivado por curiosidade; não estou muito seguro que devamos aventurar uma afirmação dessa natureza. O motivo não é pecaminoso, ainda que, certamente, não seja virtuoso; contudo, freqüentemente tem sido comprovado que a curiosidade é uma das melhores aliadas da graça.
Zaqueu, movido por este motivo, desejava ver a Cristo; porém dois obstáculos se interpunham no caminho: o primeiro, havia uma multidão tão grande de pessoas que ele não podia se  aproximar do Salvador; e o segundo, ele era tão excessivamente baixo de estatura que não tinha a menor esperança de poder ver-Lhe por sobre as cabeças das outras pessoas. Que fez, então? Fez o mesmo que alguns garotos estavam fazendo — pois os garotos daquela época eram, sem dúvida, iguais aos garotos no tempo presente — que se empoleiraram nos ramos das árvores para ver a Jesus, enquanto Ele passava.
Embora Zaqueu fosse um homem velho, sobe numa árvore e ali se acomoda no meio dos garotos. Os meninos estavam muito temerosos deste velho publicano severo, temido também pelos próprios pais deles, para poderem derrubá-lo ao solo com um empurrão ou causar-lhe qualquer tipo de inconveniência.
Olhem-no ali. Com que ansiedade espia para baixo, para ver quem é Cristo; pois o Salvador não possuía nenhuma distinção pomposa; na frente dEle não caminhava nenhum sacristão, levando uma maça de prata; não levava em Suas mãos nenhum bastão de ouro: não estava vestido em nenhum traje de pontífice; de fato, ia vestido como todos os que Lhe rodeavam. Possuía uma túnica igual a de qualquer camponês comum, feita de uma só peça, de cima a baixo; e Zaqueu tinha dificuldade em distingui-Lo.
Contudo, antes que Zaqueu tivesse visto a Cristo, Cristo havia fixado Seus olhos em Zaqueu, e detendo-Se debaixo da árvore, Ele olha para cima, e lhe diz: “Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa”. Zaqueu desce rapidamente; Cristo vai a sua casa; Zaqueu se converte num seguidor de Cristo, e entra no Reino dos Céus. 

1. Agora, em primeiro lugar, o chamado eficaz é uma verdade muito graciosa. Vocês podem deduzir isto do fato que Zaqueu era um personagem que suporíamos ser o último a ser salvo. Ele pertencia a uma cidade má (Jericó), uma cidade que havia recebido uma maldição, e
ninguém suspeitaria que alguém poderia sair de Jericó para ser salvo. Foi perto de Jericó que aquele homem caiu nas mãos de ladrões; confiamos que Zaqueu não participou daquele assalto; porém, há quem, além de ser publicano, pode ser ladrão também. Nós também podemos esperar convertidos de St. Giles, ou dos bairros mais baixos de Londres, dos piores
e mais vis esconderijos da infâmia, assim como de Jericó naqueles dias. Ah! meus irmãos, não importa de onde vocês tenham saído; podem vir de uma das ruas mais sujas, um dos piores bairros marginalizados de Londres, porém, se a graça eficaz vos chama, é um chamado eficaz que não faz nenhuma distinção de lugares.
Zaqueu tinha também uma ocupação extremamente má, e provavelmente enganava ao povo para se enriquecer. Na verdade, quando Cristo foi a sua casa, se desatou um murmúrio  universal, pois tinha ido para ser hóspede de um homem que era um pecador. Porém, irmãos, a graça não faz distinção alguma, a graça não respeita às pessoas, mas Deus chama a
quem quer, e Ele chamou a este homem, o pior dos publicanos, na pior das cidades, envolvido na pior das ocupações. Além do mais, Zaqueu era um dos candidatos menos prováveis para ser salvo, pois era rico. Na verdade, tanto os ricos como os pobres são bem-vindos; ninguém tem a menor escusa para desesperar devido a sua condição; contudo, é um fato que “não são muitos sábios segunda a carne, nem muitos poderosos” os que são chamados, mas “Deus escolheu os pobres deste mundo — ricos na fé”. Porém, a graça não faz nenhuma distinção aqui. 

Ao rico Zaqueu é ordenado que desça da árvore; e ele desce, e é salvo. Sempre penso que uma das grandes mostras de condescendência de Deus é que Ele olhe para baixo, para os homens; porém lhes direi que houve uma maior condescendência que essa, quando Cristo olhou para cima, para ver a Zaqueu. Que Deus se digne de olhar para baixo, para suas criaturas: isso é misericórdia; porém, que Cristo se humilhe de tal maneira que tenha que olhar para cima, para uma de Suas criaturas, isso revela uma misericórdia maior.
Ah! Muitos de vocês têm subido na árvore de suas próprias boas obras, e se empoleirado nos ramos de suas santas ações, e confiado no livrearbítrio das pobres criaturas, ou descansado em alguma máxima mundana; contudo, Jesus Cristo eleva Seus olhos para olhar para pecadores orgulhosos, e os convida a descer. “Desce”, diz Ele, “pois me convém ficar hoje em tua casa”. Se Zaqueu tivesse sido um homem de mente humilde, sentado junto ao caminho, ou aos pés de Cristo, então, ainda assim deveríamos admirar a misericórdia de Cristo; porém, vemo-lo num lugar elevado, e Cristo olha para cima, para ele, e lhe ordena que desça.
2. Continuando, dizemos que foi um chamado pessoal. Na árvore também estavam uns garotos, juntamente com Zaqueu, porém, não havia a menor dúvida acerca da pessoa que foi chamada. Foi “Zaqueu, desce depressa”. A Escritura menciona outros chamados. É dito  especialmente: “Porque muitos são chamados, e poucos escolhidos”. Observem que esse não é o chamado eficaz ao que se referia o apóstolo, quando disse: “E aos que chamou, a estes também justificou”. Esse é um chamado geral que muitos homens, ou melhor, todos os homens recusam, a menos que venha acompanhado do chamado pessoal, particular, que nos faz cristãos. Vocês mesmos podem dar testemunho que foi o chamado pessoal que lhes trouxe
ao Salvador. Talvez foi algum sermão que lhes conduziu a sentir que vocês eram, sem dúvida, uma das pessoas à quem era dirigido. O texto talvez foi “Tu és Deus que me vê”; e o ministro pôs uma ênfase especial na palavra “me”, de tal forma que pensaste que o olho de Deus  estava posto sobre ti; e antes que terminasse o sermão, pensaste que viste a Deus abrindo os
livros para te condenar, e teu coração sussurrou: “Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? — diz o SENHOR”. Talvez estavas empoleirado numa janela, ou de pé, junto à multidão, no corredor; porém, tiveste a sólida convicção de que o sermão foi  pregado para ti, e para ninguém mais. Deus não chama a Seu povo em multidões, mas um a
um. “Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, lhe disse, em hebraico: Raboni (que quer dizer Mestre)!”. Jesus viu a Pedro e a João pescando no lago, e lhes disse: “Segue-me”. Ele viu a Mateus sentado na coletoria e lhe disse: “Levanta-te e segue-me”, e Mateus assim o fez.
Quando o Espírito Santo vem a algum homem, a flecha de Deus penetra em seu coração: ela não arranha somente seu capacete, ou deixa um pequeno sinal em sua armadura, mas penetra por entre as juntas dos arreios e chega ao mais profundo da alma. Vocês têm sentido,  queridos amigos, esse chamado pessoal? Recordam quando uma voz lhes disse: “Levanta-te, Ele te chama”? Podem recordar quando há algum tempo atrás disseram: “Senhor meu, Deus meu”? Quando vocês sabiam que o Espírito estava operando em vocês, e disseram: “Senhor, eu venho a Ti, pois sei que Tu me chamas”? Eu poderia chamar vocês por toda uma  eternidade sem nenhum resultado, mas se Deus chama a alguém, haverá mais eficácia por
meio de Seu chamado pessoal a uma pessoa do que meu chamado geral a uma multidão.
3. Em terceiro lugar, é um chamado apressador. “Zaqueu, desce depressa”. O pecador,  quando é chamado mediante um ministério ordinário, replica: “Amanhã”. Escuta um sermão poderoso e diz: “Vou voltar-me para Deus em tal dia”. As lágrimas rolam em sua face, porém
são logo limpas. Alguma bondade aparece, porém, como a nuvem matutina, é dissipada pelo sol da tentação. Disse: “Eu prometo solenemente converter-me num homem reformado daqui em diante. Depois de gozar uma vez mais de meu amado pecado, vou renunciar a meus desejos e decidir-me por Deus”. Ah! esse é somente o chamado de um ministro, e não serve para nada. Dizem que o caminho para o inferno está pavimentado com boas intenções. Estas boas intenções são geradas por chamados gerais. O caminho para a perdição está cheio de ramos de árvores sobre as quais os homens estavam sentados, pois freqüentemente eles arrancam os ramos das árvores, mas, eles mesmos, não descem. A palha colocada diante da
porta de um enfermo amortiza o ruído das rodas das carruagens. Assim também há alguns que enchem seu caminho de promessas de arrependimento, e assim avançam mais facilmente e sem ruído à perdição. 

Porém, o chamado de Deus não é um chamado para amanhã: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação”. A graça de Deus sempre chega com prontidão; e se vocês são atraídos por Deus, então vão correr após dEle, e não estarão falando de esperar. O amanhã não está escrito no almanaque do tempo. Amanhã está escrito no calendário de Satanás, e em nenhuma outra parte. O amanhã é uma rocha esbranquiçada pelos ossos dos marinheiros que naufragaram nela; é o farol dos destruidores, que brilha na costa, atraindo os pobres barcos a sua destruição. O amanhã é a taça na qual o néscio finge
encontrar o pé do arco-íris, porém que ninguém nunca encontrou. O amanhã é a ilha flutuante de Loch Lomond, que ninguém jamais viu. O amanhã é um sonho. O amanhã é um engano. Amanhã, ah!, amanhã pode ser que abras teus olhos no inferno, no meios dos tormentos.
Aquele relógio diz: “hoje”; todas as coisas clamam “hoje”; e o Espírito Santo se une a estas coisas e diz: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na  provocação”. Pecadores, sentem agora a necessidade de buscar ao Salvador? Estão aspirando uma oração? Estão dizendo: 'Agora ou nunca! Devo ser salvo agora!'? Se estão assim, então espero que seja um chamado eficaz, pois Cristo, quando faz um chamado
eficaz, diz:“Zaqueu, desce depressa”. 

4. Trata-se de um chamado que humilha. “Zaqueu, desce depressa”. Muitas vezes os ministros têm chamado os homens ao arrependimento com um chamado que os deixa orgulhosos, que os exalta em sua própria estima, e que os leva a dizer: “Posso voltar-me a Deus quando quiser; e posso fazê-lo sem a influência do Espírito Santo”. Eles têm sido chamados a subir, e não a descer. Deus sempre humilha a um pecador. Acaso não posso recordar quando Deus me disse para descer? Um dos primeiros passos que tive que dar foi descer imediatamente de minhas próprias obras; e oh!, que tremenda queda foi essa! Logo descansei sobre minha
própria suficiência, e Cristo disse: “Desce! Derrubei-te de tuas boas obras, e agora te derrubo de tua própria suficiência”. Tive outra queda, e estava seguro de ter tocado o fundo, porém Cristo disse “desce!”, e me fez descer mais ainda, todavia, a um ponto onde eu ainda sentia que era salvável. “Desce, senhor! Desce ainda mais!”. E desci até que tive que soltar todos
os ramos da árvore das minhas esperanças, cheio de desespero: e então disse, “eu não posso fazer nada; estou perdido”. As águas envolveram minha cabeça e fui privado da luz do dia e pensei que era um estranho no meio da nação de Israel. “Desce ainda mais, senhor! Tu és demasiadamente orgulhoso para ser salvo”. Então fui abatido ainda mais, até ver minha corrupção, minha maldade e minha podridão. “Desce”, diz Deus, quando Ele quer salvar.
Agora, pecadores orgulhosos, ser orgulhoso não lhes serve de nada, nem tampouco o se agarrar à árvores; Cristo lhes pede que desçam. Oh, tu, que moras com a águia na rocha escarpada, tens que descer de tua elevação; tu, por meio da graça, cairás, ou de outra maneira cairás um dia sob a vingança. Ele “derribou do seu trono os poderosos, e exaltou os humildes”. 

5. Continuando, é um chamado afetuoso. “Pois me convém ficar hoje em tua casa”. Vocês podem imaginar quão facilmente o rosto da multidão mudou! Eles consideravam a Cristo o mais santo e o melhor dos homens, e estavam prontos para fazê-lo rei. Porém Ele disse: “Me convém ficar hoje em tua casa”. Havia um pobre judeu que tinha estado dentro da casa de
Zaqueu; ele tinha “sido repreendido”, como se diz na linguagem popular quando as pessoas são levadas ante a justiça, e este homem recordava que tipo de casa era essa de Zaqueu; ele recordava como foi levado ali, e seus conceitos dessa casa eram parecidos aos que uma mosca teria acerca de um ninho de aranhas, após ter escapado. Havia outro homem que tinha
sido destituído de quase todas as suas propriedades; e a idéia que ele tinha acerca de ir à casa de Zaqueu era como entrar na cova de leões. “Como”, diziam eles, “este santo varão entrará nessa cova, onde nós, pobres infelizes, fomos roubados e maltratados? Já era suficientemente mal que Cristo se dirigisse a Zaqueu na árvore, porém, quão tremenda era
a idéia de ir à sua casa!” 

Todos eles “murmuravam, dizendo que Ele se hospedara com homem pecador”. Bom, eu sei o que alguns de seus discípulos pensaram: eles pensaram que era algo muito imprudente; poderia prejudicar Sua reputação, e ofender ao povo. Pensaram que teria podido ir à noite para ver a este homem, como Nicodemus, e dar-lhe uma audiência quando ninguém O veria; porém, reconhecer publicamente a um homem assim, era o ato mais imprudente que Ele poderia fazer. Porém, por que Cristo fez o que fez? Porque queria fazer a Zaqueu um chamado afetuoso. “Não irei e permanecerei na entrada de sua casa, nem olharei o interior através de tua janela, mas entrarei em tua casa; essa mesma casa onde o pranto das viúvas tem chegado a teus ouvidos, sem que tu o ouvisse; vou a tua sala, onde o lamento dos órfãos nunca moveu
tua compaixão; vou ali, onde tu, como um leão faminto, tens devorado a tua presa; vou ali, onde tu tens manchado a tua casa e a feito infame; vou ao lugar onde os gritos têm se elevando ao céu, arrancados das bocas de todos aqueles a quem tens oprimido; vou entrar em tua casa para te abençoar”. Oh! Quanto afeto havia nisso!
Pobre pecador, meu Senhor é um Senhor mui afetuoso. Ele quer ir à tua casa. Que tipo de casa tens? Uma casa que tens feito miserável com tuas bebedeiras?; uma casa que tem sido poluída com tua impureza?; uma casa que tem sido desonrada com tuas maldições e  blasfêmias?; uma casa onde manejas negócios sujos, dos quais estarias feliz de se livrar. Cristo diz: “Quero ir a tua casa”. Eu conheço certas casas que uma vez foram guaridas do pecado, mas que agora Cristo vem a cada manhã; o marido e a mulher que antes discutiam e brigavam, agora dobram seus joelhos unidos em oração. Alguns dos meus ouvintes  escassamente terão uma hora para comer, mas eles devem ter uma para orar e ler as  Escrituras. Cristo vem a eles. 

Ali onde as paredes estavam emplastadas de quadros lascivos e frívolos, agora está colocado um almanaque cristão; na cômoda há uma Bíblia; e ainda que a casa tenha somente um aposento, se um anjo entrar e Deus perguntar: “O que vistes nessa casa?”, o anjo responderia: “Vi bons móveis, pois há uma Bíblia ali; livros religiosos em abundância; os quadros com imundícias foram destruídos e queimados; e já não há cartas de baralho no armário desse homem; Cristo entrou em sua casa”. Oh, que benção que possamos ter nosso Deus em casa, assim como os Romanos tinham os seus falsos deuses! Nosso Deus é o Deus da família.
Ele vem para habitar com o Seu povo; Ele ama as tendas de Jacó. Agora, pobre pecador maltrapilho, tu que vives nas guaridas mais imundas de Londres, se estás me lendo hoje, Jesus te diz: “Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa”. 

6. Além do mais, não foi somente um chamado afetuoso, mas um chamado permanente também. “Pois me convém ficar hoje em tua casa”. Um chamado comum é mais ou menos assim: “Hoje entrarei em tua casa por uma porta, e sairei por outra”. O chamado geral que o Evangelho dá a todos os homens é um chamado que opera sobre eles durante um tempo, e
depois desaparece; porém, o chamado salvador é um chamado permanente. Quando Cristo fala, não diz: “Zaqueu, desce depressa, pois só vim fazer uma visita rápida”; mas, “me convém ficar em tua casa; venho para me sentar, e comer e beber contigo; venho me alimentar contigo; é necessário que fique hoje em tua casa”. “Ah!”, diz alguém, “é difícil dizer quantas vezes tenho ficado impressionado, senhor, tenho freqüentemente tido uma série de solenes convicções, e pensei que era realmente salvo, porém tudo se desvaneceu; como num sonho, quando alguém desperta, tudo que se sonhou desaparece, assim sucedeu comigo”. Ah! Porém, pobre alma, não te desesperes. Sentes os esforços da graça todo-poderosa em teu coração,  mandando-lhe que te arrependas hoje? Se tu o fazes, será um chamado permanente. Se Jesus está operando em tua alma, Ele virá e permanecerá em teu coração, e te consagrará para Ele eternamente. Ele diz: “Virei e morarei contigo para sempre. Virei e direi:
Aqui estabelecerei meu repouso permanente, Já não andarei de cima para baixo; Não serei mais um estranho, nem um convidado, Mas o Senhor desta casa”. “Oh!”, dizes tu, “isso é o que necessito; necessito de um chamado permanente, algo que perdure; eu não quero uma religião que se desbote, mas uma religião de cores perduráveis”. Pois bem, Cristo faz esse tipo de chamado. Seus ministros não podem fazê-lo; porém, quando Cristo fala, Ele fala com poder, e diz: “Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa”.
7. Há mais uma coisa, contudo, que não posso esquecer, e é que foi um chamado necessário. Vamos ler a passagem novamente: “Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa”. Não era algo que poderia fazer, ou não fazer; mas era um chamado necessário. A salvação de um pecador é para Deus um assunto tão necessário, como o cumprimento de Seu pacto de que a chuva não voltará a criar um dilúvio no mundo. A salvação de cada filho  comprado com o sangue é algo necessário por três razões; é necessário porque é a promessa de Deus. É necessário que os filhos de Deus sejam salvos. Alguns teólogos pensam que é muito errado colocar uma ênfase na palavra “devam”, especialmente
nessa passagem que diz: “E era-lhe necessário passar por Samaria”. “Bem”, dizem eles, “era-lhe necessário passar por Samaria, pois não tinha outra alternativa, e, portanto, se viu forçado a ir por esse caminho”. Sim, senhores, nós respondemos, sem dúvida; porém, poderia ter ido por outro caminho. A providência estabeleceu que era-lhe necessário passar por
Samaria, e que Samaria ficaria na rota que Ele tinha escolhido. “E era-lhe necessário passar por Samaria”. A providência guiou aos homens para que edificassem Samaria diretamente no caminho, e a graça moveu ao Salvador para que fosse nessa direção. Não foi: “Zaqueu, desce depressa, pois poderia ficar hoje em tua casa”, mas “me convém” [NT: “é necessário”, em algumas traduções]. O Salvador sentiu uma forte necessidade. Uma necessidade tão  inescapável como a morte de cada homem, uma necessidade tão rígida como a necessidade de que o sol nos ilumine de dia e a lua de noite, e uma necessidade tão grande como a de que todos os filhos de Deus comprados com sangue deverão ser salvos. “Me convém ficar hoje em tua casa”. E oh!, quando o Senhor chega a este ponto, que deve e que quer, que coisa
tão grande é esta para o pecador! Em outras ocasiões perguntávamos: “Deixá-lo-ei sequer entrar? Há um estranho à porta; está batendo agora; já bateu antes; deixá-lo-ei entrar?”. Porém, agora é: “Me convém ficar hoje em tua casa”. Não houve nenhuma chamada à porta, senão que a porta se desintegrou em pequenos átomos e Ele entrou: “Devo fazê-lo, quero fazê-lo e o farei; não me importa teus protestos, tua vileza, nem tua incredulidade; devo fazê-lo e quero fazê-lo, é necessário que fique em tua casa”. “Ah”, diz alguém, “eu não creio que Deus me leve a crer como tu crês, ou a me tornar um cristão, de forma alguma.”. Ah!, porém se  somente diz: “me convém ficar hoje em tua casa”, não poderás apresentar nenhuma resistência. Há alguns de vocês que desprezariam a própria idéia de ser um religioso hipócrita; “Como, senhor? Acaso você supõe que eu posso me converter num de seus  religiosos?”. Não, meu amigo, eu não o suponho; eu o sei com toda certeza. Se Deus diz “devo fazê-lo”, não poderá haver nenhuma oposição. Quando Ele diz “devo”, assim se fará. 

Vou-lhes contar uma anedota para demonstrar isto. “Um pai estava a ponto de enviar seu filho à universidade; porém, como conhecia a influência a qual estaria exposto, tinha uma profunda e ansiosa preocupação pelo bem-estar espiritual e eterno de seu filho favorito. Temendo que os princípios da fé cristã, que o pai havia se esforçado para inculcar na mente de seu filho, fossem rudemente atacados, porém também confiando na eficácia dessa palavra que é viva e poderosa, lhe comprou, sem que o filho soubesse, um elegante volume da Bíblia, e o
colocou no fundo do baú.
O jovem começou sua carreira universitária. As bases de uma piedosa educação logo foram quebradas, e o jovem passou da especulação às dúvidas, e das dúvidas passou a negar a realidade da religião. Depois de se converter, em sua própria estima, em alguém mais sábio que o seu pai, descobriu um dia com grande surpresa e indignação, enquanto inspecionava seu baú, o depósito sagrado. Retirou-o dali e enquanto deliberava acerca do que faria com o livro, determinou que o usaria como papel descartável, com o qual limparia a navalha ao se barbear. De acordo com isto, cada vez que ia fazer a barba, arrancava uma página ou duas do
santo livro, e as usava até que quase metade do livro já tinha sido destruído. Porém, enquanto levava a cabo este ultraje contra o livro sagrado, fixava os olhos em algum texto de vez em quando, que penetrava como a ponta aguda de uma flecha em seu coração. Ao cabo de um tempo, escutou um sermão, que lhe revelou o seu próprio caráter, e como se encontrava debaixo da ira de Deus, e se gravou em sua mente a impressão que ele tinha recebido da última página arrancada do bendito, ainda que insultado, volume. Se houvesse mundos a sua disposição, os teria dado com todo prazer, se isso lhe houvesse servido para desfazer o que havia feito. Finalmente encontrou o perdão aos pés da cruz. As folhas que tinha arrancado do volume sagrado trouxeram cura à sua alma; pois essas folhas o levaram a descansar na misericórdia de Deus, que é suficiente para o principal dos pecadores”.

Digo-lhes que não há um réprobo caminhando pelas ruas e contaminando o ar com suas blasfêmias, e nenhuma criatura quase tão depravada como o próprio Satanás, que não possa, se for um filho da vida, ser alcançado pela misericórdia. E se Deus diz: “Me convém ficar hoje em tua casa”, então, certamente o fará. Tu, meu querido ouvinte, sentes, neste exato momento, algo em tua mente que parece te dizer que resististes ao Evangelho durante muito tempo,  porém que hoje já não podes resistir mais? Sei que sentes que uma mão mui forte te agarrou, e ouves uma voz que diz: “Pecador, é necessário que fique em tua casa; freqüentemente tens
me desprezado, freqüentemente tens rido de mim, freqüentemente tens cuspido ao rosto da misericórdia, freqüentemente tens blasfemado do meu Nome, porém pecador, devo ficar em tua casa; ontem fechaste a porta na cara do missionário, queimaste o livro que te deu, ristes do ministro, amaldiçoastes a casa de Deus, profanastes o dia do Senhor; mas, pecador,
Eu devo ficar em tua casa, e ficarei!”.  “Como, Senhor?”, respondes, “Ficar em minha casa? Ela está coberta de iniqüidade. Ficar em minha casa? Não há nem uma sala, nem uma mesa
que não gritem contra mim. Ficar em minha casa? As vigas, as colunas e o piso levantariam e Te diriam que não sou digno de beijar a orla do Teu vestido. Como, Senhor? Ficar em minha casa?”. “Sim”, Ele diz, “devo fazêlo; há uma necessidade mui poderosa; meu poderoso amor me constrange, e, quer me deixes entrar ou não, estou decidido a fazer o que quero, e tu
me deixarás entrar”.
Não te surpreende isto, pobre pecador temeroso; tu, que pensavas que o dia da misericórdia já tinha passado, e que a campainha da destruição já tinha soado nos funerais de tua morte? Oh! não te surpreende isto, que Cristo não somente está te pedindo que venhas a Ele, mas que Ele mesmo está Se convidando à tua mesa, e ainda mais, quando tu quiser rejeitá-Lo,
amavelmente diz: “É necessário, tenho que entrar”? Pense somente em Cristo, caminhando após um pecador, clamando após ele, rogando ao pecador que O permita salvá-lo; e isso é exatamente o que Jesus faz com os Seus eleitos. O pecador foge dEle, porém a graça imerecida o persegue dizendo: “Pecador, vem a Cristo”; e se nossos corações estão fechados, Cristo põe Sua mão na porta, e se não O recebemos, mas O rechaçamos com frieza, Ele diz: “É necessário, devo entrar”; Ele chora sobre nós até que Suas lágrimas nos ganhem; Ele chama após nós até que Sua voz prevaleça; e finalmente, na hora que Ele
determinou, entra em nosso coração, e ali mora.“Me convém ficar hoje em tua casa”, disse Jesus. 

8. E agora, por último, esse chamado foi um chamado eficaz, pois vemos os frutos que produziu. A porta de Zaqueu foi aberta; sua mesa foi servida; seu coração era generoso; suas mãos foram lavadas; sua consciência foi aliviada; sua alma estava gozosa. “Senhor”, disse ele, “eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado
alguém, o restituo quadruplicado”. E Zaqueu despoja de outra parte de seus bens. Ah! Zaqueu, tu irás à cama esta noite sendo muitíssimo mais pobre de como o eras esta manhã (porém, infinitamente mais rico também), pobre, muito pobre, em bens deste mundo, comparado ao que tinhas quando subiste a esse sicômoro; porém mais rico (infinitamente mais rico) em
tesouros celestiais. Pecador, nisto saberemos se Deus te chama: se Ele chama, será um chamado eficaz; não um chamado que tu escutas e logo esqueces. Mas um chamado que produz boas obras. Se Deus te chamou esta manhã, cairá ao chão teu cálice de bêbado, e se elevarão tuas orações; se Deus te chamou esta manhã, todas as persianas de tua loja estarão fechadas, e porás um letreiro que diz: “Esta casa está fechada no dia do Senhor, e nunca voltará a estar aberta neste dia”. Amanhã haverá esses e aqueles divertimentos mundanos, porém, se Deus te chamou, não irás. E se roubaste a alguém (e quem sabe se não há um ladrão entre os meus ouvintes?), se Deus te chama, restituirás ao roubado; abandonarás
tudo para poder seguir a Deus de todo o seu coração. Não cremos que um homem tenha se convertido, a menos que renuncie aos erros de seus caminhos; a menos que, de maneira prática, chegue ao conhecimento que o próprio Cristo é Senhor de sua consciência e que Sua
lei é a sua delícia. “Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa”. E Zaqueu desceu depressa e O recebeu cheio de gozo. “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. 

Agora, uma ou duas lições. Uma lição para o orgulho. Desçam, corações orgulhosos, desçam! A misericórdia corre nos vales, porém não sobe aos picos das montanhas. Desçam, desçam, espíritos altivos! “Porque ele abate os que habitam em lugares sublimes, e a cidade exaltada humilhará até ao chão, e a derribará até ao pó”. E logo a constrói outra vez. Além do mais,
uma lição para ti, pobre alma desesperada: me dá gosto ver-te na casa de Deus nesta manhã; é um bom sinal. Não me importa para que vieste. 

Talvez ouviste que há um tipo estranho que prega aqui. Não te preocupes por isso. Tu és tão estranho quanto ele. É necessário que haja homens estranhos para que possam reunir aos outros homens estranhos. 
Agora, eu tenho uma multidão de pessoas congregadas aqui; e se me permitem usar uma figura de linguagem, eu poderia compará-los a um grande montão de cinzas entremescladas com limalhas de aço. Porém, se meu sermão tem o apoio da graça divina, servirá como um tipo de imã: não atrairá às cinzas; elas ficarão onde estão; porém, terá a capacidade de
atrair às limalhas de aço. Tenho ali a um Zaqueu; ali acima está uma Maria, e a um João ali embaixo, a Sara, ou a William, ou a Tomé. Ali estão (os escolhidos de Deus) as limalhas de aço no meio da congregação de cinzas, e o meu Evangelho, o Evangelho do Deus bendito, como um grandioso imã, os extrai das cinzas. Ali vem, ali vem. Por quê? Porque existiu um poder magnético entre o Evangelho e os seus corações. Ah!, pobre pecador, vem a Jesus, crê em Seu amor, confia em Sua misericórdia. Se tu tens o desejo de vir, se estás abrindo caminho entre as cinzas para vir a Cristo, então, é porque Cristo está te chamando. Oh!
todos vocês que se reconhecem como pecadores, seja homem, mulher, ou criança, sim, vocês pequeninos (porque Deus tem me dado muitos de vocês, para que sejam minha recompensa), sentem-se pecadores? Então, creiam em Jesus e serão salvos. Tu tens vindo aqui por pura curiosidade, muitos de vocês. Oh! que vocês sejam encontrados e salvos. Preocupo-me
por vocês, para que não se afundem no fogo do inferno. Oh! escutem a Cristo, enquanto Ele lhes fala. Cristo diz, “desce”, nesta manhã. 

Vão para casa e humilhem-se diante de Deus: vão e confessem suas iniqüidades com as quais tem pecado contra Ele; vão para casa e digam a Ele que estão na miséria e na ruína sem Sua graça soberana; e logo olhem para Ele, pois tenham a certeza que Ele olhou para vocês primeiro. Tu podes dizer: “Oh, senhor! Eu quero verdadeiramente ser salvo, porém temo
que Ele não queira me salvar”. Alto lá! Alto lá! Basta! Sabes que isso é uma blasfêmia parcial? Quase. Se não fosses um ignorante, eu te diria que é uma blasfêmia parcial. Não podes olhar para Cristo antes que Ele tenha olhado para ti. Se queres ser salvo, é porque Ele pôs em ti esse desejo. Crê no Senhor Jesus Cristo, e recebe o batismo e serás salvo. Confia que o
Espírito Santo esta te chamando. Jovem que estás aí em cima, tu também que estás na janela, desce depressa! Desce! Ancião que estás sentando neste banco, desce. Comerciante que estás naquele corredor, desce depressa. Dama e jovem que não conhecem a Cristo, oh, que Ele olhe para vocês. Avó anciã, escute este chamado de graça imerecida; e tu, jovem rapaz, Cristo pode estar olhando para ti (confio que Ele está) e te dizendo: “desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa”.